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26 de julho de 2016

Três anos depois do incêndio, Mercado Público segue em obras


Ainda não há data para reabertura dos restaurantes no segundo andar, na área afetada pelo sinistro

Por: Jéssica Rebeca Weber
26/07/2016 - 18h05min | Atualizada em 26/07/2016 - 18h12min
Esperando uma amiga no espaço de eventos do Mercado Público, área onde os restaurantes do segundo andar foram instalados provisoriamente após o incêndio de 2013, a vendedora Rochele Carvalho da Silva, 35 anos, carrega no sotaque porto-alegrense ao dar sua opinião sobre as obras no prédio:
— Bah, está demorando pra caramba, né?
Em julho, completaram-se três anos que o fogo destruiu cerca de 20% do prédio, mas o pavimento superior segue virado em um canteiro de obras. Foi ali, na área destinada aos restaurantes, que o incêndio começou. Apesar de todo esse tempo de restauração, não há data para a reabertura.


Com verba do Ministério da Cultura, foram finalizados os trabalhos de alvenaria, revestimentos internos, esquadrias, telhado cerâmico, pisos, laje e recuperação da estrutura metálica da cobertura sobre o pátio central. De acordo com Carlos Vicente Gonçalves, coordenador de Próprios Municipais (que gerencia o Mercado Público e outros prédios do município), 85% dos trabalhos foram concluídos, e o atual estágio contempla a colocação das brises (quebra-sóis que reduzem a luz do sol), das telhas metálicas e a substituição da rede elétrica danificada.
No entanto, a conclusão dessa etapa não significa que o andar será reaberto integralmente: a prefeitura ainda precisa providenciar demandas do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e de acessibilidade, além da limpeza final antes da reinauguração. Para cumprir esses requisitos, será necessário instalar dois elevadores, duas novas escadas metálicas, duas escadas rolantes e um reservatório para incêndio interno, e ainda não há dinheiro em caixa para isso. Vicente afirma que estão avançadas as negociações para que esses serviços entrem na contrapartida de um empreendimento na cidade — o nome da empresa não foi divulgado.
O coordenador de Próprios Municipais não dá nenhuma previsão, mas os donos de restaurantes estão com expectativa de voltar às salas originais até o final do ano. É o que Iara Rufino, 59 anos, dona da banca de sorvetes Beijo Frio, diz que lhe prometeram — e ela não vê a hora de retornar ao espaço "mais aconchegante":
— Era o meu canto... Estamos ansiosos para subir de novo.
Em 2014, a previsão para que o Mercado Público estivesse completamente restaurado era janeiro do ano seguinte. Contudo, à época do aniversário de dois anos do incêndio, a promessa da prefeitura era de reabrir o segundo andar até o final de 2015.
Vicente afirma que as obras fazem parte de um trabalho de restauro, o que gerou dificuldades para encontrar fornecedores e mão de obra especializada. O orçamento das telhas, por exemplo, demorou mais de seis meses, porque o modelo original já não era fabricado.
MAIS SEGURANÇA
Além dos cuidados para manter as particularidades do Mercado Público, que é patrimônio histórico e cultural de Porto Alegre, a equipe da prefeitura ainda precisa trabalhar para reduzir os riscos de novos sinistros — ainda mais com um histórico de quatro incêndios em 101 anos.
Sandra Laufer, engenheira civil que está acompanhando as obras, destaca que os materiais foram escolhidos para garantir mais segurança. O telhado foi isolado com uma laje de alvenaria e as tesouras que sustentavam as telhas agora são metálicas (antes, elas eram de madeira).
— Esses elementos propostos para a restauração asseguram que, se houver um incêndio, demorará mais para o fogo se propagar, dando recurso para que bombeiros ou brigada de incêndio possam apagá-lo — completa.
NOVAS OBRAS À VISTA
A reabertura do segundo andar não representará o fim das obras no Mercado Público. Ainda sem prazo para começar, haverá uma nova etapa de trabalhos utilizando o saldo de quase R$ 9,9 milhões previsto no compromisso do Ministério da Cultura, que incluirá videomonitoramento, sistema de refrigeração, melhorias na rede de água e esgoto, pintura de todas as fachadas e esquadrias, atualização do projeto elétrico, substituição da subestação de energia elétrica, restauração do telhado cerâmico da parte não danificada pelo incêndio e recuperação dos pisos do andar térreo.
— O desafio agora é entregar o mercado igual, para depois ser melhorado — explica Vicente.
* Colaborou Bárbara Müller